Será que o media training fez tanta diferença assim?
O momento é bem propício pra gente falar de media training. Afinal, os candidatos podem até não contar pros eleitores, mas boa parte deles faz esse treinamento no período pré-eleitoral e retomam fortemente no período dos debates.
O conceito do media training sofreu uma alteração gigantesca nos últimos anos. Antes, era um treinamento dado por jornalistas para treinar porta vozes de empresas e políticos. Normalmente, dicas de conteúdo e de postura para o famoso “falar bem” ou “se dar bem com as câmeras”.
Mas a comunicação evoluiu muito. E, óbvio, os treinamentos tiveram que acompanhar essa revolução tecnológica e de relacionamentos. Hoje, um media training vai muito além dessa questão básica e tenta agir intimamente na vida, no comportamento e nas expressões dos candidatos.
O trabalho antes feito apenas por jornalistas, hoje ganhou o suporte de profissionais das mais diversas áreas. Na Comunicarte Treinamentos, por exemplo, ele é feito com uma equipe multidisciplinar, com jornalistas, coachs, fonoaudiólogas corporativas, personalstylist, professor de teatro, de bioenergética, consultor de redes sociais entre outros segredinhos revelados só no treinamento.
Mas pra que isso? E porque tanta gente envolvida? Porque a comunicação sofreu uma revolução e, como sempre dizemos em nossos treinamentos, vivemos na era da transparência. Não dá pra aceitar, concordar ou apoiar quem queira fazer um media training para “aprender a mentir”. Não! Isso não existe, pelo menos na Comunicarte.
Nessa era da transparência, o que a gente precisa é extrair do político, do gestor ou do líder em geral a essência do que ele quer comunicar. Podemos trabalhar o como, o jeito, a forma. Mas tudo parte de um conteúdo genuíno, verdadeiro, sólido e transparente. Não é só trabalhar o “medo de falar em público”. É criar um roteiro cheio de verdades, para que a história seja contada com assertividade, firmeza e confiança. É fazer com que, primeiro, a própria pessoa acredite na história que vai querer contar para convencer os outros.
E você? Sentiu essa verdade no seu candidato nessas eleições? Ou não tem essa certeza?
Assistimos muitas discussões sobre a importância da comunicação e quanto ela, bem trabalhada, fez ou não a diferença na disputa. Quem não comentou, pelo menos uma vez, a cara de mau humor do Trump e as inúmeras comparações com o sorriso do Biden? Tudo bem, ele não é um Obama – longe disso! Mas o quanto essa imagem mais simpática foi capaz de gerar mais empatia com os eleitores?
Em Taubaté, cidade onde vivo, a comunicação foi um dos principais temas da campanha. “Esse fala mal”, “aquele fala bem” … As discussões foram muito mais profundas sobre “a postura dos candidatos, sobre a imagem deles” do que sobre as propostas.
Em São Paulo, um cenário parecido. Bruno Covas e Boulos travaram uma disputa ideológica, de propostas, de ideias. Mas, sobretudo, de comunicação. Campanhas bem diferentes do estilo, mas muito estratégicas sob o ponto de vista comunicativo. Eles se comunicaram e bem com seus eleitores, enquanto outros adversários, que apostaram em velhas táticas da política, não conseguiram. Candidatos paulistanos que apostaram no jeitão antigo de falar de política, com agressão, embate exagerado e a supervalorização de propostas simples – não conseguiram crescer, estacionaram ou até passaram vergonha nas urnas.
O media training esteve fortemente presente nessas eleições, da Casa Branca ao Palácio Bom Conselho em Taubaté. Mas a principal reflexão é: “devo buscar esse treinamento para perder o medo de falar para o público, perder o medo de falar com as câmeras” ou devo fazer um media training para aprender a expressar melhor a minha verdade, as minhas ideias? Na era da transparência, o eleitor deu esse recado.
Nem sempre que fala melhor vence. Sabe porquê? Porque, além do jeito, o eleitor conseguiu ler a essência de alguns candidatos. Entender que comunicação pode ser uma dificuldade de um ou outro candidato. Mas, que o discurso muito incisivo, de frases prontas, de palavras marqueteiras e de textos produzidos nem sempre é a fórmula de convencimento.
Convencer o outro – a votar, a comprar, a optar por você, depende – antes de tudo – não só de falar bem. Mas de criar conexão, empatia e assertividade. É como se o outro, agora cheio de informação, escolhesse a partir do carisma que ele enxerga na outra pessoa e não só na forma pela qual ela expressa as ideias.
E a expressão dessas ideias vai muito além de um roteiro criado por marqueteiro. Vai da força de convencimento que vem de dentro. Da empatia criada a partir de relações verdadeiras, interessadas de verdade.
E, pra isso, você precisa estar conectado com a sua verdade, com a sua força interior. E tudo isso você só põe pra fora se passar por um processo de aprendizado e transformação.